segunda-feira, 24 de maio de 2010

Neofrugalismo


Há muito que estamos fartos de ouvir a palavra “crise” em todo lado. Começou em 2007 e ninguém parece ter a certeza de quando vai acabar, mas uma coisa é certa: já fez mudanças que vieram para ficar. Falo da nova tendência associada ao consumo, o Neofrugalismo.

“Frugal” está definido com “moderado, simples”, alguém “que vive das coisas comuns” e não é à toa que esta palavra incorpora o nome desta nova tendência. Neofrugalismo traduz-se numa maior consciência e contenção quando se vai às compras, sejam elas de que natureza for, como diz o autor do relatório “O Futuro Frugal”, David Rosenberg: "Comportamentos como gastos comedidos, poupança e até a disposição para certo sacrifício passaram a ser altamente valorizados nos últimos meses. E essa mudança não é um fenómeno episódico. Ela veio para ficar. Enquanto alguns sempre o foram, a maioria tornou-se neofrugalista devido à crise, como revela um estudo da GfK sobre os hábitos de consumo dos portugueses. A maioria dos inquiridos (67%) revelou que chegou à conclusão que muitos produtos que anteriormente adquiriam eram, na verdade, dispensáveis, como LCD’s, computadores, bens de consumo pessoal como máquinas de barbear ou depiladoras.

O perfil do consumidor mudou drasticamente: a marca e o estilo deixaram de ser importantes para dar lugar ao preço e à funcionalidade do produto, sendo este dois factores que agora ditam a compra, e esta motivada pela necessidade, ocorrendo apenas quando os produtos se estragam ou esgotam. As empresas têm, mais que nunca, um desafio à sua frente, necessitando de criar produtos com benefícios que se destaquem e que sejam perceptíveis ao consumidor, já que a marca deixou de falar por si própria, pelo menos para a maioria.

No entanto, como em todos os períodos de dificuldade, existem áreas que têm agora uma excelente oportunidade de se reinventarem e de se ajustarem a este novo consumidor. O entretenimento doméstico passou a ser altamente valorizado, já que as pessoas não saem tanto de casa para evitar gastos supérfluos, abrindo uma nova perspectiva para uma nova gama de produtos direccionados para este campo.

Esta crise económica já conseguiu mudar a mentalidade de muitas pessoas, mas é sempre bom relembrar que não é só em tempos de crise que devemos estar atentos aos nossos gastos. Mais do que tempos difíceis, são tempos que nos desafiam a ser melhores, a arranjar novas formas de nos destacarmos porque, como na selva, apenas os mais fortes sobrevivem.

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