quinta-feira, 13 de maio de 2010

Política ou Politicagem?

Política, político, politicar, politicagem; parece ser tudo igual, não parece? Mas desenganem-se que não é. Teoricamente ou não, política apresenta-se como a ciência do governo das nações, como astúcia e civilidade, enquanto político é conotado com o eloquente adjectivo: cortês.
Nos dias que correm torna-se difícil, diria até inevitável, debater sobre o mais vulgar e popularesco assuntos sem utilizar aquelas típicas e estereotipadas frases, qualquer coisa do género “eles são todos iguais, o que querem é “comer” à custa dos pobres” ou a minha preferida “é por isto que o País está como está”. Inteligentes desabafos e digo-o desprovido de qualquer tom irónico, ou não. Confesso que sempre me fascinou o mundo da política e observando o seu lado mais utópico e idílico, continuo a achar que a nossa maior conquista foi, mas de longe, esta gigante palavra: DEMOCRACIA. Não falo da beleza e sonância da palavra, mas sim do significado e do peso que ela, infelizmente para muitos, traz consigo. Todos os cidadãos deviam desde já aceitar que Democracia é principalmente isto, o princípio de que toda a autoridade emana do povo. Ora se se comparar com os actuais tempos políticos, a aplicação do conceito não poderia ser mais fiel, de facto a politicagem de muito se serve desta “autoridade” que provém do povo. Chamo a atenção para o termo utilizado, politicagem e não política. Agora pensemos em justiça, igualdade e direitos, aí a política escorrega um bocadinho e tenta contornar a situação fazendo a chamada politicagem.
Confusos não? O meu propósito é mesmo este, mostrar que a nossa política nacional, atrevo-me a ir mais longe e digo mundial, se encontra assim, confusa. É reclamada a democracia, a protecção e representação dos cidadãos, o poder justo do governo e tudo o que se obtém são sorrisinhos, beijinhos, abracinhos, aumentozinhos, beneficiozinhos, a promessinha de que é tempo de mudança e o povinho fica feliz da vidinha, porque, afinal tudo vai mudar e esquece o resto, “qual défice?”. Nestes tempos, basta ter mais de quarenta anos, escrever licenciado no currículo e saber qual é a esquerda e qual é a direita, não vá haver o risco de se perder pelo caminho, que pronto “temos políticos, e dos bons!”. É esta nojenta epidemia de pessoinhas que se dizem políticos que governam toda a base da nossa sociedade, pessoas sem a mínima formação, profissionalismo e sem qualquer valor moral, mas que de alguma maneira conseguiram entrar, sabe-se lá como (ou se calhar até sabemos). Salvo claro, aquelas excepções que não têm dinheiro para mandar fazer um cartaz de 1.50m por 2m, mas que acreditam que é possível reduzir o défice sem ter que aumentar os impostos, apontando como solução a redução dos prémios às mais distintas personalidades. Tanta inocência e rectidão para quê? Corrupção, viciação, adulteração do sistema, juntamente com interesses, dinheiro, influência, originam a dívida, a fraca produtividade e desorganização de um Estado. Tristeza, repulsão, e principalmente vergonha é o que eu sinto quando vejo aqueles, que se consideram políticos, a fazerem tamanhas e estúpidas barbaridades com o que nos custou tanto a alcançar, a DEMOCRACIA. Enquanto o nosso calcanhar de Aquiles continuar a ser o pensamento de que podemos sempre tirar partido dos outros e a mesquinhez de querer um “pelouro” cada vez mais alto e mais lucrativo, podemos continuar a dizer, mas sempre com muito orgulho, que realmente, “é por isto que o País está como está”.

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